terça-feira, 25 de novembro de 2014

Gattaca (1997)


Gattaca é um thriller sci-fi distópico. A sociedade encontra-se dividida entre os “filhos de deus” (população de fecundação e nascimento comum, com todos os defeitos que o ser humano pode conter) e os geneticamente modificados. Estes últimos carecem de problemas de saúde ou de desequilíbrios psicológicos. Desejados por qualquer organização e considerados como um investimento seguro, estes seres de perfeição genética são os pilares da sociedade e constituem uma elite inalcançável por qualquer outro ser humano.

Não quero desvendar muito do plot do filme por risco de estragar possível experiência de visualização. Consequentemente resta-me constatar que estamos perante um obra que revitaliza a importância da acção humana num universo cada vez mais automatizado e desprovido de orientação intuitiva. É um filme que realça a importância e principal característica do ser humano. A força de vontade, a capacidade de sonhar e de seguir o que nos preenche o coração.

“You want to know how I did it? This is how I did it, Anton: I never saved anything for the swim back.” – Vincent


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Indie Game: The Movie (2012)



Indie Game é um documentário no mínimo inspirador. Procura retractar as regalias e as dificuldades que um criador independente carrega. Seja este um criador de videojogos, objecto de estudo do documentário, seja um criador de qualquer outra forma de arte. E aqui a “forma de arte” será um dos pontos essenciais para compreender os valores entregues nesta obra. Aqui o criador é um artista, no sentido mais lato da palavra, é ele que concebe a ideia, desenha e constrói o mundo da sua personagem e entrega uma obra de arte para o mundo avaliar e, neste caso, jogar.

Acompanhamos as últimas fases de desenvolvimento de três dos maiores jogos indie de sempre. SuperMeat Boy, Braid e FEZ. E compreendemos as grandes diferenças entre estes jogos e os grandes jogos de prateleira das grandes produtoras. Diferenças óbvias que começam no próprio motivo e razão de existência dos videojogos e que acabam nos acessos à distribuição. Estes criadores têm coisas perceptíveis em comum mas a mais saliente será a justificação para a existência da sua concepção. Todos justificam o desenvolvimento dos videojogos como forma de expressão. Como forma de arte e como escape para os problemas que os afectam. Sinceramente não acredito que nada disso aconteça nas grandes produtoras e equipas de criadores. Não acredito que nas equipas de mais de mil programadores e designers todos compreendam a real razão de existência do jogo que estão a desenvolver. Se é que há alguma para além do lucro.


Indie Game é inspirador porque representa exemplos de pessoas que recusam exercer cargos em empresas em que provavelmente seriam notáveis em detrimento de liberdade e de entrega aos valores que acreditam. É a declaração dos videojogos como forma de arte e de expressão.


“My whole career has been me, trying to find new ways to communicate with people, because I desperately want to communicate with people, but I don't want the messy interaction of having to make friends and talk to people, because I probably don't like them.” – Edmund McMillen


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Temas #2 – Ennio Morricone – The Ecstacy of Gold


Era impossível esta rubrica não ter a presença de um dos meus compositores favoritos. The Ecstacy of Gold é um dos temas de The Good, TheBad and The Ugly (1966) do gigante Sergio Leone. É provavelmente um dos temas mais utilizados fora do contexto cinematográfico, em publicidade, conferências, vídeos promocionais, etc.

domingo, 9 de novembro de 2014

Interstellar (2014)


Posso afirmar desde já que Interstellar é, para mim, o melhor filme de Nolan até hoje. É uma obra ambiciosa, talvez a mais da sua carreira, tem os seus momentos de acção, tensão e ansiedade mas sobretudo, e aqui é o ponto de viragem em que Nolan me surpreendeu mais, é brutalmente emotivo. Até agora ainda não tinha visto um único filme de Nolan com tamanha capacidade de criar uma verdadeira relação emotiva com a audiência. A única situação até agora tinha sido em The DarkKnight Rises na discussão entre Bruce e Alfred. Mas nada desta dimensão. Nada que eu sentisse verdadeiramente que toda a sala de cinema tenha alcançado a real razão de ser do “herói”. Porque isto, o amor, deve ser das coisas mais exigentes de exprimir em cinema. Principalmente o familiar e associado à saudade, à distância e até à sua própria ausência. Esta foi a nova dimensão que Nolan adicionou à sua equação.

Interstellar é irrepreensível em termos técnicos. Banda sonora, edições, planos, sequências e cinematografia. Se o é também em linhas de argumento? Uns dirão que sim e outros que não. Eu fico-me pela objectividade de dizer que serve o seu propósito e que mais ou menos certeza teórica não é para aqui chamada porque no mundo do sci-fi as regras do jogo são as do maestro que compõe a estória.


Pode-se fazer a comparação que se quiser com os clássicos que já se sabe que são as matrizes deste tipo de ficção. Mas se esta é uma obra que vai ficar na história apenas o tempo o dirá. Quanto a mim, é para rever.


"We've always defined ourselves by the ability to overcome the impossible. And we count these moments. These moments when we dare to aim higher, to break barriers, to reach for the stars, to make the unknown known. We count these moments as our proudest achievements. But we lost all that. Or perhaps we've just forgotten that we are still pioneers. And we've barely begun. And that our greatest accomplishments cannot be behind us, because our destiny lies above us."


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Dazed and Confused (1993)


Uma confissão: nunca tinha visto nenhum filme de Linklater. Já tinha tentado. Mas gosto mesmo muito de ver os filmes certos para a disposição que tenho no momento e parece que hoje acertei em cheio. Sempre ouvi (li) que Linklater é um génio. Mas só agora percebi o porquê.

Dazed andConfused é o retracto mais simples, perfeito e completo que vi até hoje sobre a adolescência. Se calhar por ser tão intemporal e por tocar em aspectos que ainda hoje são o espelho da juventude. A irreverência, ansiedade, ambição, coragem, comodidade, o encontrar do seu próprio “eu” bem como as amizades, os círculos de amigos e as relações amorosas e familiares.

Mostra-nos o último dia de aulas de um grupo de jovens do secundário e um outro do 3º ciclo. Entremeando a estória do grupo de finalistas com o grupo de caloiros através dos rituais de recepção aos novos alunos e das festas de início de verão. Linklater consegue representar todos os grupos, indivíduos, e personagens que existem na adolescência, seja o grupo dos intelectuais, o dos atletas, o dos que estão na sua a fumar umas ou simplesmente daqueles que não querem saber de quaisquer convenções sociais. Há todo o tipo de jovens que ainda hoje fazem parte da juventude escolar, seja nos EUA seja em Portugal.


Dazed and Consfused é irreverente, impaciente e assertivo tal como o seu objecto de estudo. A juventude. Se a estória só se passa num dia, acredito que seja para demonstrar isso mesmo. Que sentido faria contar uma estória passada durante um mês acerca de alguém que apenas vive o momento?

“Man, it's the same bullshit they tried to pull in my day. If it ain't that piece of paper, there's some other choice they're gonna try and make for you. You gotta do what Randall Pink Floyd wants to do man. Let me tell you this, the older you do get the more rules they're gonna try to get you to follow. You just gotta keep livin' man, L-I-V-I-N.” - Wooderson