terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Bica #3 - Contre Temps


Uma curta em CGI com design gráfico espectacular que nos transporta para uma cidade submergida no futuro, algures entre os sonhos e a realidade, naquele limbo intemporal.
Curta realizada por: Jérémi Boutelet




segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

American Hustle (2013)



David O.Russel é um excelente utilizador e aproveitador dos recursos oferecidos pelo grupo de actores. Os seus 2 últimos trabalhos (TheFighter e Silver Linings Playbook) tiveram galardoados em prémios de performance e seria de esperar, avaliando pelo cast escolhido, que este seria mais uma vez o pilar de sustento desta peça. É curioso que neste filme O.Russel tenha pegado em 2 actores principais de cada um desses filmes (Amy e Bale + Cooper e Lawrence) e juntado os 4, numa “tentativa” de ultimate recipe.
American Hustle apresenta-se como um filme de crime que acompanha a vida de 2 grandes burlões e de como gerem as suas relações após serem acompanhados de perto por um agente do FBI. Mas vindo de O.Russel seria de esperar um filme de comédia ou pelo menos com alguns elementos semelhantes. É o que acontece, embora que “ao de leve”, principalmente através de Jennifer Lawrence, a personagem mais desenquadrada e desequilibrada de todo o filme. Vemos uma história sobre confiança, traição e acima de tudo gestão emocional.

A personagem principal é entregue a Christian Bale (Irving Rosenfeld), um burlão que vive a vida entre 2 personalidades pessoais e entregues à sua intimidade, e outras tantas figuras, quantas forem preciso para fazer valer a sua vida e o seu negócio. Numa festa acaba por conhecer, a então débil Sydney Prosser (Amy Adams), e os dois desenvolvem uma relação amorosa e laboral, passando Sydney a desempenhar o papel de Edith, a sua nova sócia de negócios de “sangue azul”. A época mais brilhante dos dois acaba por terminar quando o jovem ambicioso do FBI (Bradley Cooper as Richie DiMaso) desmembra a dupla e faz com que fiquem a trabalhar para si em busca dos grandes corruptos e burlões, numa obsessão tão grande quanto a cobiça do próprio agente.



Achei o argumento do filme e todo o desempenho de Bale bastante satisfatórios, no sentido de que, parece, nunca percebermos ao certo a personalidade e as verdadeiras intenções da personagem. A primeira cena do filme é interpretada por Bale, onde o vemos a arranjar o “cabelo”. Irving tenta esconder a sua careca com um cover-up bastante pomposo e “nada” revelador. O engraçado nesta cena, só perceptível ao longo do filme, é que a única coisa falsa na identidade de Bale, que este não consegue esconder, é o seu tremendo cabelo. Tanto se esforça para que ninguém repare, mas está lá chapado. O seu falso cabelo. De resto, toda a personagem vive numa bolha de incompreensibilidade e é mesmo difícil, pelo menos para mim foi, perceber o que sente, pensa e a forma como planeia agir. Tanto Amy Adams, uma jóia de performance, como Cooper desempenham papéis brilhantes e Jennifer Lawrence (Rosalyn, mulher de Irving) com um papel certamente original e aliviador está bastante satisfatória.

Tanto a realização de O.Russel como a cinematografia e o costume design são espectaculares e o filme está carregado de sequências apoiadas numa boa edição e banda-sonora temática on the spot. Tudo fazendo do filme uma obra bastante apreciável que, embora com um registo leve, desempenha o seu papel fundamental na perfeição, entretém sem que haja momentos mortos.






sábado, 25 de janeiro de 2014

"Because I say so" - Breaking Bad aos meus olhos



“Uma Historia sobre um professor de química com 50 anos que descobre que tem cancro e, deprimido, resolve começar a fabricar droga.” Esta tem sido a minha resposta à incontestável questão, “isso é sobre o quê?”, quando digo a alguém o quão tem de começar a ver Breaking Bad. Mas na verdade tenho respondido mal, não tenho sido justo para com a série e não tenho conseguido fazer justiça à complexidade narrativa da obra idealizada e criada por Vince Gilligan. Aquilo que deveria ter dito, no mínimo, seria qualquer coisa deste género: “É um caminho de transformação. Uma história sobre a mudança de Walter White e de como cada uma das suas decisões vai alterar o rumo e a personalidade de 5 personagens. É o acompanhar do capítulo mais negro na vida de um ordinary man que vê nascer o seu ego sob a forma de Heisenberg, o Scarface da TV”.



Este artigo nasce na necessidade de expor a bolha interior que cresceu ao longo de 3 anos a seguir este Drama. Foram 62 episódios, num total de 60 horas, a acompanhar semana após semana desde o início da 3ª temporada (as duas primeiras já tinham saído quando comecei) até ao final mais bem conseguido que vi. Gilligan cria um mundo em seu redor e foca-se na transformação de 4 personagens, contada a cada segundo, a cada frame e a cada linha de argumento. Cada cena sustenta a anterior e a cada decisão há uma sequência interminável de acontecimentos. Coisa que só seria possível se a obra idealizada já fosse, desde início, concebida para aquele espaço de tempo, sem mais nem menos um episódio ou cena, sem haver prolongamento de temporadas ou anúncios súbitos de novas ainda para vir. Breaking Bad teve 5 temporadas e ainda bem que assim foi.



Walter White vive uma vida modesta, num bairro modesto, numa casa humilde e no ceio de uma família perfeita. Que se quer com carinho, afecto e amor, tudo nos confortos de um lar de classe média americana. Tem um filho adolescente (W.White Jr.) e uma mulher à espera do seu segundo filho (Skyler e futura Holly). Vive a vida como professor de química no ensino secundário, apesar de sentir o seu talento “mal” aproveitado. É-lhe diagnosticado um cancro, aquando o seu 50º aniversário, e a vida parece-lhe desmoronar à sua frente com a sensação que não deixou suficiente marca, nem independência financeira para sustentar a família no futuro. Através de Hank (marido de Marie, a sua cunhada), agente de investigação contra o narcotráfico, Walt (vulgarmente chamado por Skyler) volta a dar de caras com um ex. aluno, problemático por sinal, chamado Jesse Pinkman. Walter encontra-o numa rusga policial num local de fabricação de Meth (crystal meth) e, já a atravessar um período de depressão existencial, volta a tentar contactá-lo para se unir numa parceria. Propõe “cozinhar” o crystal, se este concordar em distribuí-lo, fazendo-se valer dos seus “bons” contactos e conhecimentos no mercado. Começa assim, em suma, uma viagem pela metamorfose de um homem simples e humilde pela fundação e desenvolvimento da sua personalidade até se tornar um vilão digno de um verdadeiro filme de culto. No fim de contas é o próprio título do Drama, Breaking Bad.

Em Breaking Bad não será o tema ou a história o que fará desta obra uma das melhores de sempre na história do entretenimento. Acredito numa receita composta por 6 elementos essenciais:

#1 – O cast. Composto por actores principais e secundários absolutamente fabulosos, Brian Cranston, Aaron Paul, Dean Norris, Anna Gunn, Rob Odenkrik, Giancarlo Esposito, Jonathan Banks… entre outros. Citando Vince Gilligan na escolha de Bryan Cranston para o papel: "You're going to see that underlying humanity, even when he's making the most devious, terrible decisions, and you need someone who has that humanity – deep down, bedrock humanity – so you say, watching this show, 'All right, I'll go for this ride. I don't like what he's doing, but I understand, and I'll go with it for as far as it goes.' If you don't have a guy who gives you that, despite the greatest acting chops in the world, the show is not going to succeed."

#2 – O argumento. Como Gilligan consegue criar uma mudança tão grande não apenas numa, mas em inúmeras personagens ao longo de toda a história. Não se admirem se por enquanto gostarem de Walter e com o decorrer das temporadas esse “amor” se venha a deteriorar. O mesmo aplica-se, por exemplo, embora que de forma inversa à personagem de Aaron Paul (Jesse). As relações entre as personagens seguram, com firmeza, embora que dentro da sua disfuncionalidade, o realístico ambiente vivido por cada uma delas e acabam por justificar todo o seguimento tomado na cronologia de acontecimentos;

#3 – Aspectos técnicos. A escolha de Albuquerque, New Mexico, para a rodagem da série acabou por ser uma das maiores sortes para o seu rumo, em termos de cinematic experience chegando mesmo a ser denominado de “post-modern Western”. A equipa de realização, fotografia, edição usam da melhor forma possível a paisagem desértica da zona, através de inúmeras cenas de time lapse e takes panorâmicos de paisagem. Outra das técnicas vastamente usadas pela equipa são os Point-of-view shots, usados em quase todos os episódios e em cenas e sequências de importância maior. Mais uma vez palavras da crew, desta feita o director de fotografia Michael Slovis: “This isn’t just about looking like reality; this is about eliciting an emotion”. Estes elementos colocam a série num lugar onde ainda nenhum outro TV-show esteve, o mais perto de uma produção de cinema possível. Ao ver Breaking Bad, aquilo que sentia era que estava a ver puro cinema, mas em formato para TV.



#4 – O culto. Os últimos 2 anos da vida de Walter White sujeitam-se a ser carregados por fans até à eternidade. Vários elementos foram inspirados em inúmeros filmes de culto e obras de grandiosidade intemporal. Também Breaking Bad terá esse “fim”. Podemos ver referências, ou simplesmente semelhanças a filmes como Scarface, Pulp Fiction, The Godfather, Sunset Blvd. e Reservoir Dogs quer seja em aspectos técnicos, o caminho para o qual o argumento se vai destinando, nomes de personagens e até expressões e one linners. Nunca fiz as contas, mas era capaz de afirmar que se ouve o “bitch” de Jesse mais vezes que o “fuck” de TonyMontana. Não me recordo de ver nos últimos anos uma série ou filme capaz de gerar tantas vendas de canecas, T-Shirts, posters e apelar ao desenvolvimento criativo de toda a legião de fans espalhada pelo mundo. Só mostra a dimensão e impacto que a série teve numa comunidade cada vez mais alargada de “consumidores”.

Breaking Bad comparando com Sunset Blvd.

Breaking Bad comparando com Pulp Fiction
homenagem a Scarface, fan made
homenagem a The Godfather, fan made


#5 – O seu final. NO SPOILERS-NO STRESS! Um dos finais mais épicos de sempre, pelo que tenho lido, ao contrário de muitas outras séries, aquele que conseguiu fazer justiça a toda uma pirâmide de emoções, decisões e acontecimentos levados a cabo ao longo da a série. Para mim, o seu final é no antepenúltimo episódio, aquele que me deu a melhor hora passada a ver uma série, o mais conclusivo e aquele que que se sente que já não haverá volta a dar.

#6Crescendo. Nenhuma outra série se apresentou para mim com um escalar de emoções tão acentuado. É muito comum, isto para quem está habituado a ver séries, aquela afirmação, “para mim a 1ª temporada foi a melhor” ou “gostei mais da anterior”. Meus amigos, em Breaking Bad não acontece. Esperem para ver uma 1ª temporada pior que a 2ª. Uma 2ª pior que a 3ª. E nesse crescendo continuará até culminar no final da última temporada com cada episódio a ser mais satisfatório que o anterior.

A receita de Gilligan irá perdurar, tal como séries como The Sopranos, que não considero tão inovadora como esta. Breaking Bad foi uma viagem a uma nova dimensão no entretenimento que elevou a fasquia no mundo da TV. E após 5 temporadas o reconhecimento da crítica chegou, finalmente. A série entrou no livro do Guiness como a mais bem cotada de sempre no site Metacritic, ao arrancar um impressionante resultado de 99/100 para a sua última temporada. Venceu o Emmy e Globo de ouro para melhor série Drama e tem as suas últimas 4 temporadas aprovadas por 100% dos críticos no site RottenTomatoes. Um reconhecimento digno, daquela que para mim é a melhor série de TV. A mais inovadora, mais visionária e mais bem conseguida de sempre. Mas questiono-me, porque é que será que só ao fim de 5 temporadas, reconhecimento da crítica e vitórias em prémios de renome, a série começa a ser transmitida em Portugal, embora que ainda timidamente?



Sempre tive inveja dos meus pais e parentes que eram vivos enquanto saiam álbuns novos de Pink Floyd, Queen ou Beatles. A sorte que tiveram por ver tudo isso acontecer à frente dos seus olhos (ouvidos neste caso). E é por isso que me sinto um felizardo por ter acompanhado esta masterpiece enquanto esteve a ser criada, por isso e pela espera agoniante que senti a cada semana.
Foram 62 episódios e 60 horas. As poucas horas da minha vida que posso dizer com toda a certeza que não perdi. Provavelmente até as duplicarei para 120…

"If that’s true, if you don’t know who I am, then maybe your best course… would be to tread lightly"



quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Dallas Buyers Club (2013)


A primeira cena começa e estamos dentro da arena. A arena da sorte ou do azar, aquela em que a adrenalina choca com o prazer e a desgraça, onde o nosso protagonista acaba por se perder. A sequência arranca com uma cena contida de sexo, onde Ron Woodroof (Matthew McConaughey) vê, no pico do seu êxtase, um colega de rodeo cair inconsciente na areia. Cara de espanto a sua ao pensar na desgraça violenta brutal que aquele pobre coitado sofreu, sem se aperceber da miséria silenciosa e mortal para a qual caminhava.

Ron, uma das melhores e mais vivas (no sentido figurado da palavra) personagens em tela este ano, um texano com CAPITAL T, conservador, religioso, cavaleiro de testosterona e claro… homofóbico. Todo o seu hábito de vida, misturando drogas, sexo e álcool, acabam por levá-lo para a pior doença do séc. XX. Contrai aquela que outrora fora a doença dos homossexuais e vê-se metido num dos maiores e mais doentios círculos lobyistas da história da civilização. A guerra contra a SIDA e a guerra contra os cruzados (indústria farmacêutica) que espalham a mensagem de salvação enquanto desbastam a espoliam os miseráveis.
Ao longo do filme vemos um Matthew ACTOR, um desempenho espectacular, não só pela transformação física evidente, mas pela profundidade emocional de Woodroof que vê a vida diminuir-lhe a cada fôlego. Parte em luta contra a única indústria que o pode salvar e acaba por mobilizar a sua própria igreja de redenção, Dallas Buyers Club, onde os infortunados pela doença podem adquirir verdadeiros tratamentos e qualidade de vida enquanto ainda a sentem.


Para além da óbvia mensagem contra o lobying e os interesses económicos destrutivos e dementes na “indústria” da saúde (“like it or not, this is business” - Dr.Sevard), vemos um toque, uma aproximação ao tema da aceitação da homossexualidade numa comunidade que se quer mais aberta e tolerante, não estivéssemos nós a falar do Texas. Para isso, aparece Rayon, um Jared Leto disfarçado nos seus traços femininos, com uma identidade única que acaba por seduzir e ameigar o fim de vida de Woodroof. Acabando este por aceitar e tolerar, dentro dos seus moldes, aqueles que via como os verdadeiros doentes e merecedores da agonia que lhe atravessa as veias. Uma das melhores duplas dos últimos tempos, merecedores de reconhecimento pela química e pela sua afirmação na carreira.

Gostei bastante do filme, é sobretudo uma obra de performance, mas que carrega alguns pontos frágeis no argumento. Não deixando de ter os seus momentos bastante emotivos.



domingo, 19 de janeiro de 2014

Uma fatia a cada - Awards Season #1


Arrancou a temporada de prémios com a atribuição dos Globos de Ouro e, posteriormente, os Critics Choice Awards. Ontem foi a vez dos Screen Actors Guild com tudo a correr na normalidade e este ano, bastante competitivo, parece não haver muitos casos anómalos no que toca a justiça de nomeações. De referir que dada a qualidade de obras este ano em competição, antevemos uma grande imprevisibilidade até ao momento de entrega dos Oscars.

Fazendo uma análise qualitativa por categoria, e começando pela qual mais anseio, vou procurar encontrar aquele que de momento é o mais indicado a ganhar na grande noite de Fevereiro.


Melhor Realizador:
Tanto nos Globos com nos Critics Choice o vencedor foi Alfonso Cuarón. Realizador de Gravity que este ano nos transportou para bem longe do solo que pisamos. Com uma técnica absolutamente sublime com a câmara sempre a seguir todos os movimentos de forma continua, quase como se estivesse numa dança com a personagem e a própria tela. Uma movimentação de câmara possível para Cuarón, que merece reconhecimento por, como exemplo, Children of Men, onde consegue alguns dos melhores takes a que tive o prazer de assistir nos últimos anos.
Grande concorrência vem de Steve McQueen (12 Years a Slave) que apresentou um filme magnifico. Filmado na perfeição, com intensidade e com o objectivo perfeitamente conseguido de nos colocar o mais próximo possível daquele lugar sombrio. Com cenas dignas de Oscar para melhor realizador, mas com um Cuarón, neste momento, líder na corrida.
O meu preferido é Cuarón. Para mim, o único este ano a trazer uma nova dimensão para o cinema e aquele que acredito que virá a vencer o Oscar.


Melhor Actor Principal:
Em comparação directa com, pelo menos, os últimos 5 anos parece-me que este é o ano mais forte em termos de competição por este galardão. Vemos um Matthew McConaughey (Dallas Buyers Club) que de momento leva tudo consigo no bolso (Globo, Critics e SAG), mas uma concorrência que não o vai deixar descansar até final, principalmente vinda de Chiwetel Ejiofor (12 Years a Slave). De referir também que Leonardo DiCaprio (com o seu melhor desempenho da carreira) arrecadou até momento tanto o Globo como o Critics Choise para melhor actor de comédia, quem diria? Até o próprio fez uma piada semelhante ao receber o Globo.
O candidato principal neste momento é óbvio, mas vamos esperar para ver os próximos prémios, que acredito, em que pelo menos nos BAFTA, Ejiofor venha a conquistar o seu lugar.


Melhor Actriz:
Esta parece ser a categoria mais fácil de prever este ano. Cate Blanchett (Blue Jasmine) desde o momento em que estreou a nova obra de Woody Allen, centra-se como a grande favorita ao prémio final. Até agora levou consigo todos os 3 principais troféus da temporada e a avaliar pelas nomeações é assim que continuará a ser até final. As adversárias mais competitivas este ano serão Amy Adams (American Hustle) ou Sandra Bullock (Gravity).


Melhor Actor Secundário:
Mais uma categoria cheia de desempenhos magistrais, mas que parece já estar a tomar um rumo bem demarcado. Jared Leto (Dallas Buyers Club), 4 anos depois do seu último papel, aparece em cena com um desempenho que já lhe garantiu os 3 troféus até momento. Apesar de ter uma competição apertada com concorrentes como Michael Fassbender (12 Years a Slave) ou Bradley Cooper (American Hustle), não me parece que o título lhe fugirá este ano.


Melhor Actriz Secundária:
Aqui sim, surpresas poderão acontecer. Por enquanto diria que a favorita é a nova estrela do ano, Lupita Nyong'o, vencedora do SAG e Critics Choise. Mas tanto Sally Hawkins, Julia Roberts ou Jennifer Lawrence tiveram boas apreciações por parte da crítica. Esta última vencendo mesmo o Golden Globe, e sendo ela vencedora o ano passado do Oscar de melhor actriz e coqueluche de Hollywood, nunca se sabe o que poderá acontecer. Eventualmente, ainda será cedo.


Melhor Filme:
A categoria mais falada/desejada. Mais uma que me parece já ter um favorito escolhido e não trará grandes surpresas. Desde que esta categoria foi alargada a 9 ou 10 nomeações nos Oscar que estas parecem servir como um consolo, um prémio de certa forma por uma ano de trabalho para quem investiu nesses filmes. O que me parece bastante sensato, mas que acaba por trazer menos suspense à competição. A sensação que tenho neste momento, e avaliando quer os Globos quer os Critics, a vitória será para 12 Years a Slave. Apenas me parece haver uma tensão do lado de Gravity (filme do género "no academy winner"), Dallas Buyers Club ou American Hustle.


Restantes Categorias: (tirando melhor filme "estrangeiro", dos quais não vi nenhum)
As mais técnicas serão, como sempre das mais difíceis de previr. No entanto, este ano temos uma obra que se demarca de todas as restantes no que toca a aspectos técnicos. Gravity, para mim o melhor filme desta temporada, será com quase toda a certeza, e como a comunicação social tem o hábito ridículo de comparar filmes pela quantidade de prémios que traz de cada concurso, o mais premiado na noite dos Oscar. Não estou a ver outro filme a roubar-lhe prémios como melhor edição, efeitos especiais, cinematografia, edição de som...

Por enquanto vemos os prémios bastante repartidos e não encontramos um grande vencedor. Uma fatia do bolo a cada um...
São até agora as minhas apostas e vou esperar para ver o que as próximas galas trarão de novo para estas competições.
Até Breve

sábado, 18 de janeiro de 2014

Cinema em Cenas #1 - Ride of the Valkyries - Apocalypse Now (1979)

A primeira cena escolhida para este novo capítulo no Blog é uma das minhas preferidas.
A escolha musical que alterou para sempre a forma e a sensação que sinto a ouvir este Wagner. Obrigado Coppola, pelo filme e por todas as suas cenas marcantes!




sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Oscar Snubbed - Uma Homenagem


Todos os anos, seja por simpatias, gosto ou outras razões desconhecidas, há grandes filmes e performances esquecidas para a academia. Deixo aqui um video em jeito de tributo para aqueles que não fizeram as garças da academia este ano.
Autoria: JoBlo.com

domingo, 12 de janeiro de 2014

Bica #2 - The Blackwater Gospel


A curta da semana é The Blackwater Gospel, mais um trabalho académico, realizado por Bo Mathorne. Desta vez o tema é um pouco mais negro.
Quando o Undertaker, símbolo de morte, chega a uma pacata aldeia corrompida pela mensagem de Deus, o medo instala-se...
Animação fascinante, das melhores que já vi dentro do género.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

The Wolf of Wall Street (2013)


Um filme que nos mostra a história de um longo capítulo na vida de Jordan Belfort (Leo DiCaprio) e outro, embora mais curto, na carreira de Martin Scorcese. A ascensão e o declínio de um dos grandes corretores de bolsa dos nos 90 em Wall Street.

Como sabemos que estamos a falar de um dos mestres no que toca a crime no grande ecrã, o tema da história, como o próprio nome indica, não foge à regra. Scorcese mostra-nos um filme que nos traz à memória, por exemplo, Goodfellas. Com um narrador protagonista a iniciar o filme com uma frase a descrever o que quer ser e com um ritmo galopante que teima em abrandar, mesmo ao longo da sua impressionante duração de 180min. É um filme sobre ambição, ganancia, poder, ascensão e, eventualmente, declínio.

Jordan Belfort começa a sua viagem numa corretora de Wall Street que ao fim de pouco tempo acaba por fechar. A sua ambição fá-lo recuperar e acaba mesmo por conseguir voltar ao jogo, fazendo-se valer da excelente capacidade que tem para vender e convencer pessoas, consegue reunir uma pequena equipa e atacar o negócio de venda de acções até fundar a sua própria corretora. A partir desse momento as vendas foram sempre a subir e o descontrolo foi-se instalando. Fazendo-se valer de métodos pouco ortodoxos, até mesmo para aquele tipo de negócio, Belfort tenta vender uma imagem de poder e invencibilidade que, acima de tudo, ele acredita mais que ninguém. Com uma ganância tal que todo o vicio em drogas, sexo, dinheiro e poder acabam por leva-lo para um caminho do qual não há saída alternativa.


Leonardo DiCaprio (Jordan Belfort) desempenha um dos melhores papéis da sua carreira. Talvez aquele que mais lhe exigiu e talvez um dos que será mais memorável. Jordan é um exemplo no mundo do egoísmo, luxúria, promiscuidade... um ser que se eleva no pecado, mesmo aos olhos de tudo e de todos, mas que consegue ser o timoneiro do grande navio que comanda. Tudo isso carregado por Leo que consegue ser tão convincente naquilo que diz durante os seus discursos pré-vendas que chega a parecer que estamos numa espécie de igreja, com um orador a ditar as palavras escritas no livro dos deuses. Para o actor de 39 anos é uma pena ter surgido este papel num ano como 2014, pois no que toca a candidatos aos prémios não sei se o esforço vai ser suficiente nas noites de gala.
À parte do exagero em cenas de sexo e drogas, que compreendo sendo este um filme de Wall Street, houve uma ou outra cena que me pareceu um tanto exagerada e que não contribuíram de forma tão importante quanto o tempo que lhes foi concedido. Como exemplo temos uma cena em que Belfort está quase inconsciente e incapaz fisicamente devido ao consumo de drogas e que se arrasta até entrar no carro. Cena essa com alguns minutos que parece ter servido apenas o propósito de entreter um pouco as audiências com toques de comédia física da parte de Leo (uma faceta que ainda não conhecia). Ponto interessante essa comédia, muito presente ao longo do filme, um pouco diferente do Scorcese a que estamos habituados mas que acaba por ser uma experiência bastante satisfatória.
Também de referir a participação de Jonah Hill e de Matthew McConaughey que solidificam a sua participação e carreira com performances bastante plausíveis.


É um filme acima de tudo cómico, para mim, pela forma como trata toda a falta de carácter das personagens e todo o conjunto de banalidades do seu quotidiano, quase numa tentativa de mostrar ao espectador que aquela é a vida a escolher. Mas pode afectar muita gente de outras formas, tal é a quantidade de cenas de sexo e de consumo de drogas e até através da forte personalidade do nosso anti-herói.
The Wolf of Wall Street é um bom filme de Scorcese, para mim, o melhor desde The Departed.

★★★★

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Bica #1 - Le Royaume

De Nuno ALVES-RODRIGUES, Oussama BOUACHERIA, Julien CHHENG, Aymeric KEVIN, Sébastien HARY, Franck MONIER, Ulysse MALASSAGNE
Estudantes de Gobelins

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Os filmes do fim-de-semana (03/01/2014)


Mau tempo de previsão para o fim de semana pede mesmo um tempinho no sofá a ver um bom filme. Tentei encontrar uma amostra variada daquilo que podem ver na TV sem ter de ir a um cinema (a não ser que seja para o 12 Years a Slave). A Bold e com link estão os que considero obrigatórios para quem ainda não viu!


Sexta (03/01)
Blood Diamond 22:00 TVCine2 (aventura, drama)
Ocean’s 13 22:48 RTP1 (acção, crime)

Sábado (04/01)
2012 SIC 15:40 (acção, aventura)
Life of Pi 17:55/9:25 TVCine (drama, aventura)
The Sessions 21:30 TVCine (drama, comédia)
The Departed 00:39 RTP1 (drama, crime)
The Fighter 00:45 SIC (drama)

Domingo (05/01)
Frankenweenie 13:50 TVCine 3 (animação, comédia)
Moonrise Kingdom 14:00 TVCine (aventura, romance)
Arbitrage 17:05 TVCine (thriller)
Django Unchained 18:50 TVCine (western, acção, comédia)
Mulholland Dr. 22:00 MGM (crime, drama)
Unforgiven 22:30 RTP1 (western)


Bom fim de semana e bons filmes!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

12 Years a Slave (2013)



Mais um filme sobre segregação racial nos EUA e mais uma história verídica que acaba bem. Mas será só isso? Será mais um filme familiar para ver sentado num sofá domingo à tarde? Vamos ver…
12 Years a Slave conta-nos a história de Solomon Northup, um Afro-Americano livre que depois de burlado vê a sua liberdade existir apenas na possibilidade de respirar. É levado para o mercado dos escravos e acaba nas plantações do sul dos EUA para trabalhar até ao dia em que eventualmente morrerá. Sabendo nós que a história é verídica e que o senhor acabou por publicar um livro, podemos concluir de início que no final do filme ele reencontra a sua família.
A verdade é que Steve McQueen não pega neste filme para contar uma história. Aquilo que faz é tentar pegar no espectador e colocá-lo o mais perto possível do lugar do Solomon (agora chamado Platt). Sem sentir-mos dor física, isso só será possível através de dor emocional e psicológica. Tudo isso através de cenas de uma intensidade violenta brutal, acompanhadas por uma banda-sonora desconfortante, que fazem qualquer pessoa querer virar o olhar e desejar que tudo aquilo acabe. É um filme difícil de engolir, digamos assim, é difícil acreditar que tal acontecesse há menos de 2 séculos atrás. Mas só é assim porque o trabalho de Steve McQueen atrás das câmaras é inegavelmente brilhante e consegue transportar-nos para aquela dimensão de sofrimento. Cheguei a querer desviar o olhar pela violência a que estava a assistir, mas acabei por ficar, hipnotizado, a apreciar o trabalho do realizador. O uso de takes prolongados traduzem uma coordenação brilhante e só seria possível com o uso destes actores.


O cast utilizado neste filme é electrizante. A cada capítulo que passa vemos actor atrás de actor, a aparecer e a terminar a sua personagem com uma contribuição cada vez mais preciosa para a construção desta obra. Paul Giamatti, Paul Dano, Benedict Cumberbatch, Michael Fassbender, Brad Pitt e claro o protagonista interpretado por Chiwetel Ejiofort. Este último, com aquela que será sem dúvida a performance do ano (2013) e com a qual, provavelmente, arrecadará a estatueta mais desejada da temporada. Porquê? Basta ver a sua expressão facial constante, de uma tensão tal que nem o permite mover-se dentro da sua livre personalidade. É de reparar numas das principais cenas de todo o filme, quando um dos escravos é enterrado, o “funeral” dá-se entre os trabalhadores com uma cerimónia humilde ao som do Gospel. Solomon ouve calado, mas à medida que a música cresce ele sente a necessidade de transportar toda a dor que carrega e acaba por se entregar aos cânticos, numa cena memorável em que é perfeitamente visível a dor, agonia e desespero de Platt.
É um filme pesado onde a pipoca do cinema não têm lugar. É intenso, desconfortante, revoltante, triste e não pode ser comparado a qualquer outro filme do género. Para mim, uma verdadeira obra-prima do cinema. Mas cuidado… não é fácil de engolir!


★★★★★