quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Bica #4 - Ark


Apesar de andar com falta de tempo entre mãos para poder actualizar devidamente este meu espaço, arranjei um pouquinho para partilhar mais uma Bica. Afinal, se nem houver tempo para uma curta, que sentido isto faz?
Desta vez apresento-vos Ark. Uma curta, mas difícil e atribulada passagem pela vida. Quando um vírus ataca a humanidade a única salvação é o Oceano e a fuga em navios descomunais.

Realização: Grzegorz Jonkajtys


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Iniciativa Caminho Largo: 1 Tema, 3 Coordenadas, 1 Posição



Foi com enorme prazer que respondi positivamente ao convite de participar na iniciativa de Jorge Teixeira, autor do blogue Caminho Largo. É um orgulho fazer parte desta comunidade e colaborar com uma iniciativa que promove o diálogo e a promoção de ideias e saberes entre todos os leitores.

Obrigado pelo convite, pela escolha e pelo teu espaço, uma verdadeira casa do cinema e da comunidade.
Cumprimentos,
João Curado

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Her (2013)



A ambição de Spike Jonze (realizador e argumentista) é tão grande quanto o tema a que se compromete a abordar em Her. Apresenta-nos uma obra difícil de imaginar e, possivelmente, ainda mais complicada de executar, pela sua temática tão sentimental e abstracta como o amor, principalmente o amor enquanto paixão, atracção, carinho e sensualidade complicada de definir que sentimos por outro ser humano. Aqui será “humano” a nossa palavra-chave, uma vez que Jonze cria um mundo futurístico, não longínquo, em que o homem caminha para um universo despido de afecto, relações e interacções sociais entre seres-humanos. (Um pequeno exercício para quem ainda não viu: tentem encontrar, no filme, um grupo de pessoas com mais de 3 elementos)

Theodore (Joaquin Phoenix) é um criativo que trabalha escrevendo cartas de amor endereçadas a estranhos por encomenda dos seus parceiros. Constrói relações através das suas palavras e ao mesmo tempo vive na solidão e melancolia de uma recente separação ainda custosa de atravessar. Aquando da actualização do seu sistema operativo (OS), agora inventada a inteligência artificial para OS’s, fecha-se a janela da solidão. Conhece Samantha (brilhante Scarlett Johansson), o sistema inteligente adaptado à sua personalidade, que procura corresponder e assegurar todas as necessidades emotivas e sociais de Theo. Acabando os dois, por culpa da necessidade e procura humana de afecto, por se apaixonar.



O filme transporta-nos para um universo futuro e podemos chamar ao seu género Sci-fi, mas é importante perceber que aquilo que Jonze faz é diferente daquilo que foi mostrado ao longo de anos deste género cinematográfico. Não temos carros voadores, conquistas do espaço, monstros dos confins do universo ou robots psicopatas, temos sim um ensaio da relação humana e onde nos encontraremos enquanto ser. Ao ver a peça é inevitável pensar em inúmeras outras obras em que os intervenientes, também personagens dotadas de inteligência artificial, procuram um toque e um tratamento mais próximo do que é o amor e as sensações do ser humano. Filmes como Blade Runner (1982) ou AI (2001) tocam na temática das necessidades humanas do amor, carinho e afecto ou simplesmente aceitação enquanto identidades diferentes. Mas o que é feito em Her consegue percorrer um outro caminho, não só porque a nossa OS não assume uma forma física mas porque consegue explicar o quão cada vez mais nos aproximamos de uma civilização despromovida de interacção corporal entre humanos.

Não é difícil pensarmos em como as redes sociais e todas as formas de comunicação moderna já mudaram a forma como nos relacionamos com o mundo e com amigos, por isso, acho que o exercício mais importante deixado por esta obra de Spike Jonze é a reflexão.




quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Cinema em Cenas #3 - Copacabana - Goodfellas (1990)


Copacabana shot. Um dos mais memoráveis de Goodfellas e de Martin Scrocese que consegue, aqui, orquestrar uma magnífica cena ininterrompida filmada com Steadicam. Tão perfeita que acabamos por nos esquecer que vemos a cena através de uma câmara que se vai perdendo e orientando nos corredores "staff only" de um luxuoso restaurante.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Short Term 12 (2013)




Mais uma obra para nos fazer pensar, sentir e perceber os nossos problemas, podendo ser estes tão pequenos e tão insignificantes que, eventualmente, nem existam.
Short Term 12 acompanha o quotidiano de Grace (Brie Larson), uma jovem que trabalha numa instituição de acolhimento de jovens que atravessam sérios problemas familiares e que necessitam de assistência próxima. A relação entre os jovens e os “tutores” por vezes poderá parecer um pouco conflituosa, mas a vivência e a falta de carinho e afecto familiar de cada um leva à construção e aceitação de uma nova família entre os adolescentes. A nossa narradora (Grace) faz de tudo para criar um ambiente seguro e o mais saudável possível para cada um através da sua atitude, não de durona e autoritária, mas sim de "irmã mais velha", com brincadeiras pelo meio e interacção através de palavras pouco formais.

Ao longo do filme vamos percebendo a verdadeira metamorfose por que Grace começa a passar. Depois de uma cadeia de acontecimentos pessoais começamos a ver Grace fragilizar e percebemos o quão importante aquela “família” é para ela. A necessidade que Grace tem de “trabalhar”, de ajudar e por vezes salvar aqueles jovens para se concretizar e se sentir melhor é uma das mensagens mais importantes do filme. Faz-nos acreditar numa sociedade mais próxima e mais carinhosa, faz-nos pensar em todas as pessoas que foram e são “desperdiçadas” e “perdidas” sem que ninguém lhes dê devido valor. E é isso que o filme quer e consegue fazer na perfeição. Dar valor à família, aos amigos e à comunidade onde vivemos.


Destin Cretton afirma-se como uma das maiores promessas do cinema americano. Consegue orquestrar uma peça fenomenal, carregada de sentimento e sem nunca perder ritmo. Numa narrativa, que embora apoiada num argumento excepcional, consegue fazer-se valer naquele grupo de actores, em que cada um dá uma contribuição mais preciosa que o anterior.

É um filme obrigatório, não pela sua qualidade incontestável, mas sim pela sua mensagem. Ver este filme torna-se uma necessidade para o bem comum.






segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Cinema em Cenas #2 - Car ambush - Children of Men (2006)


Uma das cenas mais memoráveis do brilhante Children of Men, com a acção a desenrolar-se no interior de um carro em fuga. A complexidade da cena prende-se com a perfeita sincronia dos actores com a movimentação da câmara e a, compreensiva, dificuldade na gestão do espaço e tempo. Ao longo da cena percebemos que vemos um único take e com a movimentação da câmara sentimo-nos ao mesmo tempo presentes e, quase, claustrofóbicos.
Curioso termos nesta mesma cena dois dos maiores candidatos deste ano aos principais prémios internacionais. Chiwetel Ejiofor (12 Yeras a Slave) condutor do veículo e o realizador Alfonso Cuarón (Gravity) condutor da perfeita valsa entre actores e camera.