segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

sábado, 3 de janeiro de 2015

The Raid: 1º ou 2º?




É sempre um conflito garantido. Pegar num filme e fazer-lhe uma sequela é pedir instantaneamente comparação com o anterior. Pode não ser intenção, mas é impossível resistir à tentação principalmente quando os dois (ou três ou quatro) filmes vêm do mesmo autor. Em The Raid aconteceu exactamente isso, pelo menos comigo. Vi os dois filmes na mesma tarde e ficou-me atravessada a notória transformação que a obra levou.

Resta-me dizer qual foi o filme que gostei mais. Sem dúvida alguma que foi do 1º, TheRaid: Redemption. Mais uma vez deixei-me enganar pelas classificações do IMDb. Mas não consegui evitar a expectativa alta com que fiquei para o segundo após ter visto o primeiro. Se calhar não devia ter procurado ou lido sobre os filmes... mas isso hoje em dia, para mim, já é impossível.

The Raid: Redemption

Porquê o primeiro? Principalmente por não fugir ao seu propósito. The Raid é um filme de pancada. Nada mais. É um muito bom filme de pancada. Bom o suficiente para dizer que o cinema Americano está a anos luz de conseguir entregar ao espectador aquele tipo de acção. Isso é notório na realização, edição e utilização de tempo e espaço para a criação de movimento e interação entre personagens. O mais engraçado é que o realizador em questão, Gareth Evans, é Galês. É um ocidental com evidente influência de toda a escola de cinema de acção oriental. E isso nota-se. Não que se note que o Realizador seja ocidental, mas sim que o filme mantenha as características fundamentais de sucesso deste tipo de cinema dominado por orientais. Claramente que estamos a falar de um filme low budget para os parâmetros de concorrência internacionais de distribuição em massa, mas isso apenas se nota no obvio fraco recurso a efeitos especiais. Mas também, que falta faz isso se os próprios actores entregam toda a acção necessária ao filme? Quase nenhuma.

The Raid 2: Berandal

Posto isto, The Raid: Redemption é fiel a si próprio. É puro e genuíno e não tenta ser o que não é. Entrega acção, violência e suspense. Se a estória é boa? Bem, acho que isso dentro deste estilo não é muito relevante. Não da forma com EU olho para este tipo de cinema. E enquadro este filme na cena do Tropa de Elite (2007) de José Padilha. A estória era importante? Acho que não. Muito próximo deste “género” de cinema a estória será importante em filmes orientais ao estilo do thriller Coreano, Japonês e até Indonésio. Mas não aqui. E foi esse o pormenor que me fez não gostar tanto de The Raid 2: Berandal. Tentou fugir à sua personalidade narrativa. Com um budget quase quadriplicado, Gareth Evans tentou levar o filme a outra dimensão e tentou focar-se no argumento e entregar mais profundidade narrativa à estória. Acabou por entregar vilões cliché, cenas desnecessárias e confusão no plot. Tudo desnecessário se apenas tivesse tentado fazer aquilo que sabe fazer muito bem. O filme perde o cru, a densidade, a claustrofobia e frieza do primeiro (inteiramente passado dentro de um prédio) e vai parar longe daquilo que é. Com cenas “a céu aberto” sem adicionar nada diferente a uma estória que se apresenta com total diferença de propósito e que por isso mesmo precisava de mais para se aguentar ao longo das 2h30min de filme.

Se quiserem ver um bom filme de pancada vejam o The Raid: Redemption. Se quiserem ver um filme com alguma pancada mas que tenta ser outra coisa e chegar-se perto do thriller coreano... vejam The Raid 2: Berandal.

“Pulling the trigger is like ordering takeout...this is what its all about.” – Mad Dog (The Raid: Redemption)