quarta-feira, 25 de junho de 2014

Barry Lyndon (1975)


Não há dúvida que este será um dos melhores trabalhos de Kubrick e provavelmente um dos seus mais desvalorizados. Talvez pelo ritmo lento e de pouco entretenimento não será o tipo de filme que agrada ao espectador comum, mas, sem dúvida, vale a pena um pequeno esforço para aqueles que procuram uma verdadeira jóia do cinema.

Barry Lyndon é uma pequena odisseia de um jovem confuso e sem muitos princípios na europa do séc. XVIII. O acompanhar na vida de uma máscara fugida e escondida na dispersa sociedade aristocrática. Com passagens pelo exército, trapaças e tentativas de arrecadar títulos, esta obra acompanha o jovem irlandês desde o início da sua adolescência até o ponto mais alto a que a sua determinação e ambição o levaram. Tenta mostrar os interesses e a maldade do jogo de poderes na sociedade e pode ser transposto para a realidade dos nossos dias que vivemos numa sociedade cada vez mais provida interesses particulares em detrimento do bem comum.


Para mim, o mais interessante desta obra é sem dúvida toda a realização e envolvente que Kubrick consegue criar. Das duas vezes que tive o prazer de olhar para o ecrã e ver esta magnífica peça, fiquei obcecadamente preso naquelas cenas. Kubrick consegue o que qualquer realizador de filmes de época tenta... transportar o espectador para aquele mundo. É óbvio que não posso sequer imaginar como era a vida naquela época, mas o que se vê nesta obra é uma realidade que parece existir numa altura em que nem sequer havia câmaras. Ou seja, com os passeios de coche, as caminhadas à beira dos lagos, as festas e cerimónias, duelos, batalhas e cenas atrás de cenas filmadas somente à luz de velas sem recurso a luz artificial Kubrick transporta-nos, como poucos conseguem, para ali, para aquele momento.

Em última instância é um filme envolvente e, para mim, uma perfeita obra-prima, um quadro assinado por Stanley Kubrick.


“I’m not sure if I can say that I have a favourite Kubrick picture, but somehow I keep coming back to Barry Lyndon. I think that’s because it’s such a profoundly emotional experience.” Martin Scorcese


2 comentários: