segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

American Hustle (2013)



David O.Russel é um excelente utilizador e aproveitador dos recursos oferecidos pelo grupo de actores. Os seus 2 últimos trabalhos (TheFighter e Silver Linings Playbook) tiveram galardoados em prémios de performance e seria de esperar, avaliando pelo cast escolhido, que este seria mais uma vez o pilar de sustento desta peça. É curioso que neste filme O.Russel tenha pegado em 2 actores principais de cada um desses filmes (Amy e Bale + Cooper e Lawrence) e juntado os 4, numa “tentativa” de ultimate recipe.
American Hustle apresenta-se como um filme de crime que acompanha a vida de 2 grandes burlões e de como gerem as suas relações após serem acompanhados de perto por um agente do FBI. Mas vindo de O.Russel seria de esperar um filme de comédia ou pelo menos com alguns elementos semelhantes. É o que acontece, embora que “ao de leve”, principalmente através de Jennifer Lawrence, a personagem mais desenquadrada e desequilibrada de todo o filme. Vemos uma história sobre confiança, traição e acima de tudo gestão emocional.

A personagem principal é entregue a Christian Bale (Irving Rosenfeld), um burlão que vive a vida entre 2 personalidades pessoais e entregues à sua intimidade, e outras tantas figuras, quantas forem preciso para fazer valer a sua vida e o seu negócio. Numa festa acaba por conhecer, a então débil Sydney Prosser (Amy Adams), e os dois desenvolvem uma relação amorosa e laboral, passando Sydney a desempenhar o papel de Edith, a sua nova sócia de negócios de “sangue azul”. A época mais brilhante dos dois acaba por terminar quando o jovem ambicioso do FBI (Bradley Cooper as Richie DiMaso) desmembra a dupla e faz com que fiquem a trabalhar para si em busca dos grandes corruptos e burlões, numa obsessão tão grande quanto a cobiça do próprio agente.



Achei o argumento do filme e todo o desempenho de Bale bastante satisfatórios, no sentido de que, parece, nunca percebermos ao certo a personalidade e as verdadeiras intenções da personagem. A primeira cena do filme é interpretada por Bale, onde o vemos a arranjar o “cabelo”. Irving tenta esconder a sua careca com um cover-up bastante pomposo e “nada” revelador. O engraçado nesta cena, só perceptível ao longo do filme, é que a única coisa falsa na identidade de Bale, que este não consegue esconder, é o seu tremendo cabelo. Tanto se esforça para que ninguém repare, mas está lá chapado. O seu falso cabelo. De resto, toda a personagem vive numa bolha de incompreensibilidade e é mesmo difícil, pelo menos para mim foi, perceber o que sente, pensa e a forma como planeia agir. Tanto Amy Adams, uma jóia de performance, como Cooper desempenham papéis brilhantes e Jennifer Lawrence (Rosalyn, mulher de Irving) com um papel certamente original e aliviador está bastante satisfatória.

Tanto a realização de O.Russel como a cinematografia e o costume design são espectaculares e o filme está carregado de sequências apoiadas numa boa edição e banda-sonora temática on the spot. Tudo fazendo do filme uma obra bastante apreciável que, embora com um registo leve, desempenha o seu papel fundamental na perfeição, entretém sem que haja momentos mortos.






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