Foi maior a surpresa de entrar numa pequena sala de cinema em
dia de estreia, pelo menos para mim, do que propriamente ver o que aí viria. É
estranho entrar numa sala de uma grande superfície comercial para ver mais um
filme de Wes Anderson e notar que se 250 pessoas quisessem ver este filme, teriam
de se dividir em 2 sessões.
A verdade é que até acabou por transformar, no bom sentido, a
própria experiência de visualização do filme. Grand Budapest Hotel é uma obra
passada, como o título indica, num majestoso hotel situado numa república
alpina imaginária. Mas essa grandeza não põe em causa o aspecto acolhedor e simpático
que o gerente do Hotel tenta manter. Nesse aspecto, o facto de a sala ser de
uma dimensão menor e o próprio público não se dar a sms nem escavações de
baldes de pipoca, acabou por ajudar bastante a fazer-me sentir parte integrante
daquele hotel, daqueles corredores e daquele icónico elevador.
Wes Anderson mostra mais um dos seus trabalhos. Desta vez
conta-nos a estória de um Lobby Boy e
da sua relação duradoura com o inigualável concierge
do majestoso Grand Budapest Hotel. Uma ligação construída, desde o 1º dia, sob
o olhar do espectador, com as lições, clichés e aventuras de um bom romance,
narrado por Zero Moustafa, o recém-chegado Lobby
Boy e actual proprietário do Grand Budapest.
Para quem nunca viu um filme de Wes Anderson, deve
compreender que este realizador em particular tem um estilo narrativo bastante distinto
do comum filme de domingo à tarde na tv. Neste caso, esse estilo saiu aprimorado.
Vemos uma obra bastante apelativa ao olhar, como não podia deixar de ser em
Wes, parece que estamos perante um autêntico Eye Candy. Cenários absolutamente extraordinários, planos e
sequências perfeitamente orquestradas e imaginadas, screenplay de qualidade incontestável e claro, o cast, como sempre,
a cereja no topo do bolo. Participam na obra nomes como Ralph Fiennes, AdrienBrody, Willem Dafoe, Bill Murray, Jude Law, Tilda Swinton, Saoirse Ronan,
Edward Norton, F.Murray Abraham e o estreante Tony Revolori.
É um dos melhores trabalhos de Anderson, um dos mais cómicos e
um dos mais carismáticos. Talvez pela perfeita harmonia entre personagens, desenvolvimento
narrativo e construção dos cenários. Estava à espera de ver um filme de Wes
Anderson e, sem surpresas, foi o que aconteceu.
“Keep your ands off my lobby boy!” Ralph
Fiennes as Gustave H. the concierge
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