É
sempre um conflito garantido. Pegar num filme e fazer-lhe uma sequela é pedir
instantaneamente comparação com o anterior. Pode não ser intenção, mas é
impossível resistir à tentação principalmente quando os dois (ou três ou quatro)
filmes vêm do mesmo autor. Em The Raid aconteceu exactamente isso, pelo menos
comigo. Vi os dois filmes na mesma tarde e ficou-me atravessada a notória transformação
que a obra levou.
Resta-me
dizer qual foi o filme que gostei mais. Sem dúvida alguma que foi do 1º, TheRaid: Redemption. Mais uma vez deixei-me enganar pelas classificações do IMDb.
Mas não consegui evitar a expectativa alta com que fiquei para o segundo após
ter visto o primeiro. Se calhar não devia ter procurado ou lido sobre os
filmes... mas isso hoje em dia, para mim, já é impossível.
The Raid: Redemption |
Porquê
o primeiro? Principalmente por não fugir ao seu propósito. The Raid é um filme
de pancada. Nada mais. É um muito bom filme de pancada. Bom o suficiente para
dizer que o cinema Americano está a anos luz de conseguir entregar ao
espectador aquele tipo de acção. Isso é notório na realização, edição e
utilização de tempo e espaço para a criação de movimento e interação entre
personagens. O mais engraçado é que o realizador em questão, Gareth Evans, é
Galês. É um ocidental com evidente influência de toda a escola de cinema de
acção oriental. E isso nota-se. Não que se note que o Realizador seja ocidental,
mas sim que o filme mantenha as características fundamentais de sucesso deste
tipo de cinema dominado por orientais. Claramente que estamos a falar de um filme
low budget para os parâmetros de
concorrência internacionais de distribuição em massa, mas isso apenas se nota
no obvio fraco recurso a efeitos especiais. Mas também, que falta faz isso se
os próprios actores entregam toda a acção necessária ao filme? Quase nenhuma.
The Raid 2: Berandal |
Posto
isto, The Raid: Redemption é fiel a si próprio. É puro e genuíno e não tenta
ser o que não é. Entrega acção, violência e suspense.
Se a estória é boa? Bem, acho que isso dentro deste estilo não é muito
relevante. Não da forma com EU olho para este tipo de cinema. E enquadro este
filme na cena do Tropa de Elite (2007) de José Padilha. A estória era
importante? Acho que não. Muito próximo deste “género” de cinema a estória será
importante em filmes orientais ao estilo do thriller
Coreano, Japonês e até Indonésio. Mas não aqui. E foi esse o pormenor que me
fez não gostar tanto de The Raid 2: Berandal. Tentou fugir à sua personalidade
narrativa. Com um budget quase
quadriplicado, Gareth Evans tentou levar o filme a outra dimensão e tentou
focar-se no argumento e entregar mais profundidade narrativa à estória. Acabou
por entregar vilões cliché, cenas desnecessárias e confusão no plot. Tudo
desnecessário se apenas tivesse tentado fazer aquilo que sabe fazer muito bem.
O filme perde o cru, a densidade, a claustrofobia e frieza do primeiro
(inteiramente passado dentro de um prédio) e vai parar longe daquilo que é. Com
cenas “a céu aberto” sem adicionar nada diferente a uma estória que se
apresenta com total diferença de propósito e que por isso mesmo precisava de
mais para se aguentar ao longo das 2h30min de filme.
Se
quiserem ver um bom filme de pancada vejam o The Raid: Redemption. Se quiserem
ver um filme com alguma pancada mas que tenta ser outra coisa e chegar-se perto
do thriller coreano... vejam The Raid
2: Berandal.
“Pulling the trigger is like ordering takeout...this is what its all
about.” – Mad Dog
(The Raid: Redemption)
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