sexta-feira, 4 de julho de 2014

Locke (2014)


Locke é sem dúvida um filme que vale a pena ver. Sim, é verdade que é, como no trailer, inteiramente passado dentro de um carro. Sim, é só a interacção de um único actor, em forma física, com uns outros tantos por telefone. Não, não é uma seca. Pelo contrário, é um filme que desde início prende o espectador ao ecrã.

Ivan Locke (Tom Hardy) é um bem-sucedido Director de construção que tem em mãos tanto a maior das obras que a sua carreira profissional lhe poderia oferecer, como a queda da maior edificação da sua vida familiar. Ivan vive atormentado com a sua não relação com o pai e, por isso, é obcecado em viver a vida nos limites éticos e morais de qualquer código de conduta e honra. Mas como não passa de um comum mortal Ivan tem um pequeno deslize. Alegoricamente, como explicado no filme aquando uma conversa entre Ivan e o seu encarregado, esse pequeno deslize pode ser visto como uma pequena fenda na fundição de um prédio. À medida que vamos acrescentando peso ao edifício, a fenda vai aumentando até ao ponto de fazer cair toda a estrutura. Neste caso, a fenda aparentemente já estava criada na vida de Ivan desde nascença. Tal como o próprio afirma “concrete is blood!”, o que nos diz que a natureza do seu pai acompanhou-o para a vida e que quanto mais Ivan escalou na hierarquia familiar e social, maior foi a sua queda.



É uma obra que prima pelo excelente e incontornável desempenho de um Tom Hardy que há muito precisava de um papel neste registo. Do trabalho que conheço de Hardy, este talvez será o seu melhor com a excepção de Bronson. É uma obra de aprimorada gestão de espaço, tempo e emoção, que consegue suportar toda a estrutura e entregá-la com sucesso ao espectador. Talvez este tenha sido o triunfo de Steven Knight.


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