“We have no obligation to make history. We
have no obligation to make art. We have no obligation to make a statement. To
make money is our only objective.” – Michael Eisner, Disney CEO
(1984-2005)
Não sou fã da Disney, não gosto da imagem que a empresa transmite, não gosto do monopólio do entretenimento que o grupo quer seguir e não me identifico com os valores entregues nas suas principais obras de animação. No entanto, cresci e vi crescer esta marca ao longo dos anos. Vi cada filme Walt Disney Studios que saía nos cinemas e, como a maioria das crianças portuguesas, “aprendi” com eles e fui moldando a minha personalidade aos role models que encontrava a dada altura. Ao longo do tempo e com pilar na reflexão critica que não se tem tão viva enquanto criança, fui tomando nota daquilo que via noutros filmes e na diferença que essas obras tinham em relação àquelas que via enquanto miúdo. Apercebi-me da existência de determinados aspectos menos felizes nas obras da maior fábrica de sonhos do mundo e é sobre isso que vou falar aqui neste meu canto.
Não sou fã da Disney, não gosto da imagem que a empresa transmite, não gosto do monopólio do entretenimento que o grupo quer seguir e não me identifico com os valores entregues nas suas principais obras de animação. No entanto, cresci e vi crescer esta marca ao longo dos anos. Vi cada filme Walt Disney Studios que saía nos cinemas e, como a maioria das crianças portuguesas, “aprendi” com eles e fui moldando a minha personalidade aos role models que encontrava a dada altura. Ao longo do tempo e com pilar na reflexão critica que não se tem tão viva enquanto criança, fui tomando nota daquilo que via noutros filmes e na diferença que essas obras tinham em relação àquelas que via enquanto miúdo. Apercebi-me da existência de determinados aspectos menos felizes nas obras da maior fábrica de sonhos do mundo e é sobre isso que vou falar aqui neste meu canto.
Desde que comecei a ver cinema de
animação de outras produtoras fui-me apercebendo que os filmes que nos são
incutidos toda a infância têm uma cultura de valores errada. No sentido de não
desenvolverem nem aproximarem as crianças dos valores morais, éticos e sociais
que deviam enquanto obras de entretenimento infantil. Este artigo não
é uma teoria da conspiração. Trata-se de retirar de um conjunto de personagens o seu valor simbólico e interpretá-lo, nada mais.
Role Models para as meninas:
Na base das estórias encantadas que a Disney interpreta nos seus filmes, está a figura Princesa. Talvez a personagem mais icónica da marca logo a seguir ao famoso Rato e, talvez, a que transmite os piores valores para as crianças. Porquê? A Princesa Disney é “perfeita”, caracterizada por traços que tentam ser exemplos da beleza feminina. É ingénua, bonita, tem o corpo perfeito e rosto simétrico, olhos grandes, sensual, educada, apaixonada, prendada e, mais importante, precisa desesperadamente de um homem para a salvar. Não são personagens inteligentes, estão constantemente em perigo e tomam decisões erradas.
É a cultura de beleza que nestes filmes está directamente ligada com o sucesso, no sentido de nenhuma delas terminar a história feliz porque em algum momento foi inteligente (muito pelo contrario), mas sim porque é bonita e teve a sorte de um príncipe aparecer para a salvar. Outro aspecto engraçado prende-se com a resposta à felicidade. Todos os filmes, de princesas, acabam com casamento como apogeu de conquista pessoal, desde os filmes da década de 30 até aos de 2013. Cinderella casa-se porque tem sorte e é bonita, Belle casa-se porque consegue suportar um “homem” que a maltrata, Ariel casa-se porque abdica do seu corpo e família para conhecer o príncipe, Snow White casa-se porque tem sorte, é bonita e prendada… and so on.
É a cultura de beleza que nestes filmes está directamente ligada com o sucesso, no sentido de nenhuma delas terminar a história feliz porque em algum momento foi inteligente (muito pelo contrario), mas sim porque é bonita e teve a sorte de um príncipe aparecer para a salvar. Outro aspecto engraçado prende-se com a resposta à felicidade. Todos os filmes, de princesas, acabam com casamento como apogeu de conquista pessoal, desde os filmes da década de 30 até aos de 2013. Cinderella casa-se porque tem sorte e é bonita, Belle casa-se porque consegue suportar um “homem” que a maltrata, Ariel casa-se porque abdica do seu corpo e família para conhecer o príncipe, Snow White casa-se porque tem sorte, é bonita e prendada… and so on.
É claro que a Disney aparenta esforçar-se para alterar esta cíclica roda da felicidade, como por exemplo em Mulan, em que a “princesa” consegue o seu príncipe pela força e coragem que demonstra. Mas o resultado final cai sempre para o sucesso de ter um homem. Sempre para o sucesso de ficar com o mais bonito porque, também, a princesa é a mais bonita. Esta temática da beleza será analisada mais à frente. Por agora é importante perceber que, aos olhos da Disney, a mulher solteira até avançada idade é constantemente vista como vilã da estória e a mais bonita termina, inevitavelmente, aos braços de um príncipe.
Em The Little Mermaid, Ariel: “But without my voice… how can I…”
Ursula: “You’ll have you’re looks, you’re pretty face, and don’t under estimate the importance of body language!”
Role Models para os
meninos:
As mensagens que os filmes Disney se encarregam de entregar
às crianças sobre como se deve comportar e como de ser um Homem são bem mais
simples. Resumindo em 5 palavras, o homem ideal deve ser rico, bonito,
poderoso, dominante e, às vezes, corajoso. Não interessa se é apenas carinhoso
ou afável, no final tem de haver casamento, e casamento com um príncipe feio
não é casamento Disney.
São infindáveis os casos de personagens masculinas, protagonistas, que apresentam corpos robustos e aparência bonita. Mais serão os casos em que a personagem digna de conquistar a princesa é dominante, poderosa ou simplesmente rica. Claro que há uma ou outra excepção como em Aladdin, mas mesmo nesse exemplo existe um dos elementos do casal que é claramente abastado.
São infindáveis os casos de personagens masculinas, protagonistas, que apresentam corpos robustos e aparência bonita. Mais serão os casos em que a personagem digna de conquistar a princesa é dominante, poderosa ou simplesmente rica. Claro que há uma ou outra excepção como em Aladdin, mas mesmo nesse exemplo existe um dos elementos do casal que é claramente abastado.
A dominância, poder e riqueza são, por isso, os requisitos primordiais que
caracterizam o herói. Herói este, que geralmente acaba por ter de lutar com o
vilão para obter a sua recompensa, a princesa. Posto isto, aquilo que define a
masculinidade na maioria dos filmes é a batalha pelo amor de uma mulher ou
simplesmente pela manutenção de poder.
Ensina às crianças que os homens ideais são poderosos, ricos e dominantes, ilustra a aparência que deve ter um herói e que tipo de recompensa existe para cada tipo de desafio, normalmente a “mão” de uma mulher.
É verdade que ao longo dos anos a
produtora tem evoluído na forma como nos apresenta as imagens do feminino e
masculino. Tem introduzido melhores e maiores valores às suas obras e, mais
importante, tem conseguido conquistar o mundo infantil. Mas a tendência, apesar
de ser de ligeira mudança, continua a ilustrar uma cultura conservadora e sexista
que delineia vincadamente aquilo que devemos ver no homem e na mulher.
“As aparências Iludem”, menos na Disney:
Um dos aspectos que me faz mais
confusão nos filmes Disney é o estereótipo de pessoa bonita=boa pessoa, pessoa
feia=má pessoa. Porque é que todos os vilões são representados por pessoas
gordas e baixas ou altas e magras mas sempre feias? Não interessa se é um homem
ou mulher, se é novo ou se é velho… é sempre feio. O propósito será que as
crianças identifiquem com maior facilidade a personagem má? Mas estar a
atribuir essas características a personagens com caras feias não vai
influenciar a percepção que têm das pessoas? Não será isso errado? A verdade é
que já vivo neste planeta há algum tempo e posso com toda a certeza afirmar que
existem pessoas más sob todas as formas e feitios. Por isso acho que não deve
ser feita esta distinção.
É engraçado que se pegarmos em
The Lion King, por exemplo, temos dois irmãos, Mufasa e Scar, não só um deles é
elegante e bonito e o outro feio e magricela como parecem ser de raças
diferentes. Scar é claramente mais escuro que Mufasa. Não é suposto serem
irmãos? Os leões têm todos os mesmo tons de pelo, porque é que Scar é quase
preto? Não querendo entrar por outro caminho de análise, também controverso no
mundo Disney, vou-me ficar pelos sinais aparentes de beleza.
Aquilo que se vê no típico vilão Disney, seja ele um Deus (como Hades ou Ursula), um animal (como Scar) ou um humano (como Whicked Queen ou Jafar), é um ser solitário, feio e rancoroso. Em contraste o herói é geralmente alguém atraente e bem-sucedido. O que é que acontece aos que não são bonitos? Bem até agora só houve 2 casos, um em Beauty and The Beast e outro em The Hunchback of Notre Dame. No 1º caso o Monstro acaba por transformar-se num belo príncipe e tem um final digno de estória de encantar. No 2º caso, e ao contrário da obra original de Victor Hugo, a Disney entendeu inventar uma personagem masculina que pudesse casar com Esmeralda, neste caso o nosso herói, Corcunda, tem como recompensa poder aparecer em público.
É inquestionável que a beleza toma um lugar especial no mundo Disney. Aliando essa beleza às noções de masculinidade e feminilidade, temos uma verdadeira cultura do género com lugar definido para cada um e papeis que devem desempenhar na sociedade.
Pode parecer que não gostei ou
não gosto dos filmes, mas a verdade é que gostei, cresci a ver e continuo a
gostar de alguns deles. Gosto
bastante do Lion King, Tarzan, Mulan, Hercules e The Hunchback of Notre Dame. Para
escrever este artigo dediquei algumas horas e revi as histórias que me
marcaram. Da mesma forma que estas obras influenciaram a minha infância,
acredito que influenciem a de muitas outras crianças. Por isso, não quero levar
este texto a um extremo e dizer que a Disney está a corromper a sociedade.
Quero, simplesmente, mostrar que o “carimbo” Disney, nestas e noutras obras,
pode não ser o comprovativo de excelência no que toca a transmissão de valores.
Em jeito de despedida, um joguinho de “descobre as diferenças” com alguns dos filmes Disney. Supostamente a reutilização de animação foi com o intuito de poupar algum dinheiro… vindo da mais monopolista empresa de entretenimento de que há memória, fica à reflexão de cada um.
Cumprimentos e até a uma próxima!
Concordo em algumas coisas, mas ao contrário de si eu sempre adorei a Disney. Contudo só esta semana é que vi o filme A Bela e o Monstro: 5*
ResponderEliminarMúsica, romance e drama são os ingredientes deste filme que deverei rever. Um filme com várias mensagens, no fundo é emocionante.
Cumprimentos, Frederico Daniel.