Já não me considerava um grande fã dos últimos trabalhos da
Disney, muito por culpa de comparação com as suas eternas obras de animação,
como pela resposta que a produtora teve ao aparecimento da sua gigante concorrente
Pixar. Mas a verdade é que 2 dos seus últimos trabalhos, mais exactamente
Tangled e Wreck-It Ralph, foram bastante surpreendentes. Aliando essa surpresa
com a entrega de um Óscar de melhor filme de animação a Frozen fez com que
fosse impossível ignorar mais uma vez o trabalho de animação da mítica
produtora de sonhos e fantasias. Tive de ver o filme.
Foi uma perda de tempo. Muito sinceramente, foi dos piores
filmes de animação que vi. Aquilo a que assisti foi sem dúvida um muito bom
trabalho de animação, criativo, com construção e design de personagens, e um mundo bastante apelativo e fantástico.
Mas não será esse o trabalho de qualquer produtora que se preze? Não será esse
um dos requisitos mínimos de um bom filme de animação? Qual deveria ter sido a
ponte a ligar este filme a um bom filme de animação?
A resposta estaria no plot,
no argumento, na mensagem, na Estória!
Frozen, apresenta o seu verdadeiro trunfo nas músicas mas
mesmo nessa matéria a obra conseguiu ser tão fraca em comparação com obras como
Beauty And The Beast, The Lion King e mesmo a mais recente Tangled, que não foi
de todo aquilo que a suportou. As músicas, à excepção de “Let It Go”, são impressionantes fiascos, no sentido em que não
contribuem absolutamente nada para o desenvolvimento da estória. De realçar
dois momentos em especial: A primeira cena, em que temos um momento musical com
trabalhadores a contar gelo com um música bastante viva mas que nada contribui
para o plot. E um segundo, terrível, em
que vemos Olaf (boneco de neve) interromper toda a storyline para ter um momento para si e cantar qualquer coisa que
lhe apeteceu, tudo para justificarem uma personagem atirada de pára-quedas para
o meio do conto só para introduzirem alguma comédia.
Depois de ver este filme, dediquei alguns minutos e fui
comparar as letras das músicas com as letras dos clássicos que descrevi acima.
Cheguei à conclusão que as letras foram escritas alguns meses antes de saberem
sequer qual era a estória que estavam a desenvolver, tal era a discrepância com
o argumento da obra.
E por falar em argumento. Frozen apresenta um verdadeiro
Cliché de argumento. Uma estória de princesas, inocentes, sem pai nem mãe,
separadas, com uma evidente carência de afecto… até o vilão do conto consegue
ser a personagem mais previsível de todo o filme. É um estória que, depois do
filme acabar, após pequena reflexão podemos concluir que nada trouxe de novo,
nada ensinou e nenhuma mensagem partilhou com o seu público-alvo, as crianças.
Sendo este “público” outro dos pontos fracos de filme, no sentido em que é o 1º
filme de animação que vejo (com esta dimensão) que não apresenta um estímulo
decente para um público mais adulto. Tudo porque o seu conteúdo consegue ser
tão “barato” e fácil que serve apenas o propósito de encantar as crianças. E
não, o cinema de animação NÃO É cinema exclusivamente para crianças, é feito
com o propósito de fazer os pais levarem as crianças ao cinema para verem uma
obra que se quer no mínimo didáctica.
Peguem em qualquer obra, mais comercial, de animação feita
nos últimos 10 - 15 anos, vejam o Ice Age, How to Train your Dragon, Nemo, ToyStory ou a Viagem de Chihiro. Vejam ou revejam os clássicos Disney e NÃO desperdicem
as obras do Mestre Miyazaki. Certamente vão ter uma evidente linha de comparação
entre a mensagem entregue nessas obras e aquilo que foi feito em Frozen.
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