segunda-feira, 13 de outubro de 2014

The Imposter (2012)


A experiência cinematográfica nos documentários por vezes pode ser limitada. Limitando-se os mesmos a apresentar um exercício semelhante a uma reportagem sem qualquer aspecto técnico relevante para a experiência de observação de um filme. The Imposter não é um desses casos. Pelo contrário. É cinema.

Como o próprio nome do Documentário indica, e sem dar nenhum spoiler, estamos perante um caso de fraude. Mas é possível que venha a estragar a visualização de quem ainda não viu. Por isso, aconselho a parar de ler e a ver de imediato o Doc em questão.

A história é-nos contada em 1ª pessoa pelo burlão. Trata-se de caso de desaparecimento de um rapaz de 10 anos do Texas que é dado como encontrado, em Espanha, ao fim de 4 anos. De facto, como é de esperar, não é a criança em questão que é encontrada mas sim este nosso vilão que se faz passar pelo jovem Norte-Americano. Consegue não só enganar toda a gente envolvida no processo de repatriação, como consegue, para seu próprio espanto, enganar a própria família de acolhimento.

É aqui que Bart Layton consegue fazer o clique de génio neste documentário. Durante quase todo o filme temos o vilão a falar de olhos directamente para a câmara. Consegue por desconfortável quem quer que esteja a ver porque sabemos que estamos a olhar para um burlão. Mas quando este nos revela aquela que acredita ser a causa da família nunca ter desconfiado que ele fosse seu filho, o espectador perde-se e entra em conflito próprio com a sua razão. Devemos acreditar no criminoso condenado por burla? Devemos acreditar na família que acolheu um estranho e o confundiu com o próprio filho? Este será, para mim, o triunfo de Bart na construção deste documentário.


The Imposter é um bom documentário. Apesar de perder um pouco de ritmo a meio, é um excelente caso de pura cinematografia e edição em documentários.

“Before I was born, I definitely had the wrong identity. I already didn't know--I was already prepared not to know who I really was.”


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