A experiência
cinematográfica nos documentários por vezes pode ser limitada. Limitando-se os
mesmos a apresentar um exercício semelhante a uma reportagem sem qualquer
aspecto técnico relevante para a experiência de observação de um filme. The
Imposter não é um desses casos. Pelo contrário. É cinema.
Como o próprio nome do
Documentário indica, e sem dar nenhum spoiler, estamos perante um caso de
fraude. Mas é possível que venha a estragar a visualização de quem ainda não
viu. Por isso, aconselho a parar de ler e a ver de imediato o Doc em questão.
A
história é-nos contada em 1ª pessoa pelo burlão. Trata-se de caso de
desaparecimento de um rapaz de 10 anos do Texas que é dado como encontrado, em
Espanha, ao fim de 4 anos. De facto, como é de esperar, não é a criança em questão
que é encontrada mas sim este nosso vilão que se faz passar pelo jovem Norte-Americano.
Consegue não só enganar toda a gente envolvida no processo de repatriação, como
consegue, para seu próprio espanto, enganar a própria família de acolhimento.
É aqui
que Bart Layton consegue fazer o clique de génio neste documentário. Durante
quase todo o filme temos o vilão a falar de olhos directamente para a câmara.
Consegue por desconfortável quem quer que esteja a ver porque sabemos que
estamos a olhar para um burlão. Mas quando este nos revela aquela que acredita
ser a causa da família nunca ter desconfiado que ele fosse seu filho, o
espectador perde-se e entra em conflito próprio com a sua razão. Devemos
acreditar no criminoso condenado por burla? Devemos acreditar na família que
acolheu um estranho e o confundiu com o próprio filho? Este será, para mim, o
triunfo de Bart na construção deste documentário.
The Imposter é um bom
documentário. Apesar de perder um pouco de ritmo a meio, é um excelente caso de
pura cinematografia e edição em documentários.
“Before I was born, I definitely
had the wrong identity. I already didn't know--I was already prepared not to know who I really
was.”