sexta-feira, 21 de março de 2014

Senna (2010)


Um olhar para a carreira e vida de Ayrton Senna, desde os primeiros passos enquanto piloto de Kart, até às suas vitórias nos principais circuitos da F1. Uma carreira curta em termos de longevidade mas enorme em termos de ambição, conquistas e história.

Asif Kapadia (realizador) consegue engendrar um documentário quase perfeito. Conta, não só a história do mítico piloto Brasileiro, como consegue demonstrar a sua personalidade dentro e fora dos circuitos. Um homem competitivo e ambicioso, até ao maior significado das palavras, mas que sempre manteve a sua humildade, humanidade e inigualável carisma. O homem que deu vida ao circuito e que a competir era ágil, sagaz e inteligente.

Senna foi campeão mundial de F1 em 1988, 1990 e 1991, vice-campeão em 1989 e 1993. Desde o 1º dia em que competiu no circuito mundial em 1984 conseguiu 41 vitórias, 39 pódios (2º e 3º) e 65 pole positions. Foi o protagonista de uma das maiores e mais rápidas ascensões na história de F1, assim como do maior e mais trágico final de carreira da história.


Todo o seu legado ficará guardado e todas as polémicas em que esteve envolvido asseguram, idolatram e imortalizam Ayrton Senna como um dos maiores pilotos de F1 de todos os tempos. Para mim o maior e mais carismático de sempre.

“Wealthy men can't live in an island that is encircled by poverty. We all breathe the same air. We must give a chance to everyone, at least a basic chance” Ayrton Senna

“O medo faz parte da vida da gente. Algumas pessoas não sabem como enfrentá-lo. Outras, acho que estou entre elas, aprendem a conviver com ele e o encaram não de forma negativa, mas como um sentimento de auto preservação” Ayrton Senna






quinta-feira, 6 de março de 2014

Cinema em Cenas #4 - Opening Scene - Raging Bull (1980)


A valsa de Jake La Motta. Sozinho, antes da batalha por si aguardada. Bem no inicio do filme, como se o que aí vem fosse o disfrutar de um verdadeiro combate de boxe.


Para mim esta é uma das melhores cenas de sempre, aquela que mais me prendeu sem fazer ideia da história que aí viria. Antecipa, subliminarmente, a natureza desta personagem arrebatadora e a incontestável performance de De Niro sob a direcção de, mais uma vez, Scorcese. É quase obrigatório rever esta cena assim que o filme acaba, como se fosse a verdadeira cereja que vem justificar a construção de todo o bolo.


quarta-feira, 5 de março de 2014

Tonari no Totoro (1988)

Também conhecido por My Neighbor Totoro, esta será talvez a grande obra de lançamento/reconhecimento internacional de Hayao Miyazaki.

Conta-nos a história de 2 irmãs, crianças, que mudam de casa com o pai para uma zona rural do interior, possivelmente para uma zona mais próxima do hospital em que a mãe das duas se encontra internada. Seria de esperar que a mudança trouxesse tristeza, saudade ou depressão para as crianças, normalmente vulneráveis a mudanças e ambientes pouco estimulantes. Mas quando se deparam com uma casa velha e em mau estado, a sua reacção foi de alegria e motivação para a descoberta e a aventura, colocando o pai à prova cada vez que uma, normalmente a mais nova, desaparecia nas suas explorações. É numa dessas ausências que Mei encontra Totoro, um gigante deus da floresta bastante amigável, e acaba por se reconfortar com a felpuda criatura.



A mensagem da história prende-se com valores entregues à família, principalmente com a importância das mães na construção e suporte familiar e pessoal. A mãe de Satsuki (filha mais velha) e Mei encontra-se hospitalizada e é aí que Miyazaki vai buscar todo o sentido e propósito desta mensagem tão importante. Vemos diversas vezes Satsuki ter de reconfortar e suportar a irmã mais nova que sofre, na sua vulnerabilidade comum de infância, à falta de um ser maternal. E neste sentido a figura “mãe” é quase inexistente na obra, quase como um figurante com 2 linhas de diálogo em todo o filme, talvez para nos apercebermos, questionarmos e preocuparmos com a vida familiar sem aquela figura preciosa. Vemos Satsuki cozinhar, lavar, limpar e tolerar toda a lida de uma casa de família. Tudo numa mensagem muito subliminar e escondida, talvez existente apenas para os pais que normalmente vêem filmes de animação com os filhos, o que eleva ainda mais a genialidade de Miyazaki que consegue com uma mesma obra transmitir mensagens diferentes, quer para crianças quer para adultos.


É um filme terno, gracioso, reconfortante e abundantemente nostálgico. Transporta-nos para a infância e faz-nos relembrar os verdadeiros valores da família, amizade, carinho e solidariedade.


domingo, 2 de março de 2014

Previsão para os Oscars - awards season #2



A temporada de prémios aproxima-se do fim e esta noite serão entregues os prémios mais desejados, pelo menos para o cinema americano. Depois de entregues os SAG, Critics Choice, BAFTA, Globes e ontem os Spirits, podemos tomar como barómetro os vencedores e tentar fazer uma previsão dos possíveis resultados desta noite. Não me vou estender por todas as categorias porque, para além de não ter visto todos os filmes nomeados, não tenho capacidade de avaliar certas matérias.

Como todos os anos os Oscars começam as polémicas logo desde as nomeações, vou dar a minha opinião acerca de quem deveria ganhar ou ser nomeado.


Melhor Filme:
Vencedor: 12 Years a Slave
Quem deveria ganhar: 12 Years a Slave
Quem devia ter sido nomeado: La vie d’Adèle

Melhor Filme Estrangeiro:
Quem deveria ganhar: La vie d’Adéle
Quem devia ter sido nomeado: La vie d’Adèle

Melhor Realizador:
Vencedor: Alfonso CuarónGravity
Quem deveria ganhar: Alfonso CuarónGravity
Quem devia ter sido nomeado: Spinke JonzeHer

Melhor Actor:
Quem deveria ganhar: Chiwetel Ejiofor12 Years aSlave
Quem devia ter sido nomeado: Michael ShannonThe Iceman

Melhor Actriz:
Quem deveria ganhar: Cate BlanchettBlue Jasmine
Quem devia ter sido nomeada: Adèle ExarchopoulosLa vied’Adèle

Melhor Actor Secundário:
Quem deveria ganhar: Michael Fassbender12 Years aSlave
Quem devia ter sido nomeado: Daniel BruhlRush

Melhor Actriz Secundária:
Quem deveria ganhar: Lupita Nyong’o12 Years a Slave

Melhor Argumento Original:
Vencedor: Spike JonzeHer
Quem deveria ganhar: Spike JonzeHer

Melhor Argumento Adaptado:
Quem deveria ganhar: John Ridley 12 Years a Slave

Melhor Cinematografia:
Vencedor: Emmanuel LubezkiGravity
Quem deveria ganhar: Emmanuel Lubezki Gravity
Quem devia ter sido nomeado: Hoyte Van HoytemaHer

Melhor Edição:
Quem deveria ganhar: Alfonso Cuarón, Mark SangerGravity
Quem devia ter sido nomeado: Thelma SchoonmakerThe Wolf of Wall Street

Melhor Som/ Edição de Som/ Efeitos Especiais:
Vencedor: Gravity
Quem deveria ganhar: Gravity
Quem deveria ter sido nomeado: Pacific Rim

Melhor Banda Sonora:
Vencedor: Steven PriceGravity
Quem deveria ganhar: Steven PriceGravity

Posto isto, o grande vencedor da noite será Gravity com 6 ou 7 prémios no bolso. O grande derrotado será Amercian Hustle que com 10 nomeações apenas me parece um possível candidato a levar o prémio com Lawrence, quanto às técnicas de costume e production design não sou capaz de fazer previsões. O grande “roubo” do ano vai para La vie d’Adèle que consegue ficar de fora de qualquer categoria, mesmo sendo um claro candidato a pelo menos 3 e um dos melhores filmes do ano, sem margem para dúvidas.

sábado, 1 de março de 2014

Mononoke-Hime (1997)


A magia intrínseca nas obras de Miyazaki é incontestável. Acontece não só pela fantasia narrativa de cada peça e cada frame, como pela intencional aproximação a temas não tocados em outras obras de animação. Mais uma vez isso acaba por acontecer em Mononoke-Hime (Princess Mononoke) onde Miyazaki demonstra, na sua maneira sublime, o impacto nefasto da exploração humana dos recursos naturais numa era que se aproxima do início da revolução industrial japonesa.

Ashitaka procura a cura de uma doença/vírus/praga mortal que assola a sua região e acaba, enquanto viaja, por se deparar com uma guerra aberta entre os deuses da floresta e a cidade de Tatara. Liderada por Lady Eboshi, Tatara é uma colónia mineira com um imenso poder conseguido através do seu armamento de fogo, nitidamente sofisticado para a altura. Tão complexo quanto a ambição que Eboshi tem em vir a governar o mundo sem olhar a meios para alcançar os fins. Mesmo que isso passe por aniquilar toda a floresta e os seus deuses animais, gigantes dotados de capacidades ultranaturais.


É notória a mensagem complexa (ou não) inerente a esta obra intemporal do Mestre japonês. A crítica ao voraz consumo do planeta e o nosso impacto nos recursos imateriais e limitados que consumimos desmesuradamente. É uma verdadeira obra-de-arte da animação que parece mais direccionada para adultos do que para crianças, mas que se for bem pensada até que nem é má ideia começar por introduzir este tema desde tenras idades.


Narrator: “In ancient times, the land lay covered in forests, where, from ages long past, dwelt the spirits of the gods. Back then, man and beast lived in harmony, but as time went by, most of the great forests were destroyed. Those that remained were guarded by gigantic beasts who owed their allegiances to the Great Forest Spirit. For those were the days of gods and of demons...”